Lugar de Martires, de Heróis, de Santos
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O Barredo |
Ano: 1952
Editor: Casa do Gaiato
Capa: Brochura
Nº de págs.: 224
Dimensões: 13 x 19 cm
Estado do livro: Capa manchada e picos de acidez, conforme figura
Preço: 10,00 €
Referência: 1408035
Sinopse: O Barredo ficava, nas escarpas da Sé, por trás do Seminário é mais um dos lugares com alma da cidade.
As Escadas do Barredo, às quais se podia aplicar o dito camoniano de que são “mais fáceis de descer que de subir”, e que desembocam ali na Rua de D. Hugo, nas traseiras do edifício da Casa Episcopal é um percurso belíssimo e por quem lhe faz o trajecto, brinda com uma grande homenagem o Porto e às sua Gentes.
Poetas o cantam: - Vem, anda ver o meu Porto!
Tinham-se calçado as sandálias
da peregrinação rumo aos braços
ou beijos ou lágrimas sôfregas,
lamentos e gritos, risos soltos,
conversas inacabadas, começadas
em degraus esfíngicos, clandestinos,
os nossos ninhos prediletos
nesta primavera explosiva
de cânticos saudosos.
- Vem, anda ver o meu Porto!
E as pontes, sim, sempre pontes
viradas de lés-a-lés, terra arada
ávida da semente e da fome
enrugada de tanta espera
margem a margem, para o outro lado,
de um lado ao outro, alisada,
mão de passagem no teu rosto,
terra fértil de amor e dádiva
generosa, onde a troca é imensa
e nada, nada que se entenda.
- Vem, anda ver o meu Porto!
Junqueiro, no degrau de uma entrada
sem guerra nenhuma, a não ser
os jardins iluminados pelos pios das
gaivotas orquestradas pelo espanto
do corte do silêncio trespassado
pela vizinhança de espíritos,
que dançavam bailarinos passos
pisados de desejo e lembranças
agarradas na fúria dos abraços
- Vem, anda ver o meu Porto!
Os meninos jogaram bolas
como quem prevê destinos e disseram
'casal' e não dois loucos, e viram
que eram bons os modos de passar
sob os metais da ponte arreganhada
ao desespero de tantos, tantos,
que a não suportam em dias negros
e preferem lançar-se dela para o berço
da morte, essa fera sempre à espera
de sangue e nódoas de corações perdidos.
- Vem, anda ver o meu Porto!
Porque as crianças falam verdade
e estiveram na igreja que acolhe
a tua alma em dias nublados,
e nos pátios junto à fonte
e nos caminhos empedrados
e riram, riram vendo-nos,
como santos que ostentavam
uma aura comum a Santa Clara,
que a bênção nos deu num beijo ali.
- Vem, anda ver o meu Porto!
Por vezes os dedos apertados,
mão vagabunda, como abrigo