14/11/2015

... O Porto perdeu um homem da cidade, da cultura, de sempre


PAULO CUNHA E SILVA
1962 - 2015
 
Aos poucos, vamo-nos morrendo
 
Aos poucos vamos morrendo com os outros,
ajudando-os a encostar os estandartes
das lutas onde nos fomos encontrando
nas longas planícies dos mistérios
abertos como flores aos ouvidos dos olhos
da vertiginosa passagem por cá, dirias.
Sabem as lágrimas em súbitas catacumbas
na paralisia do rosto deslumbrado
por tanta coisa no pouco que somos,
que doemos, que inventamos para os pés
que acreditam na chegada, que acreditam.
Vamo-nos morrendo, aos poucos, e seguimos,
não vá a eternidade querer de nós a estátua
dos dias sempre iguais e um rumor de pombos
acordar, conspirando, por um mundo novo
em que nada semeámos.
                                                              Teresa Macedo, no prelo

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